Considerado referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e a impactos ambientais decorrentes das atividades humanas, foi um cientista polivalente, laureado com as mais altas honrarias científicas em arqueologia, geologia e ecologia. Dentre suas ocupações e reconhecimento, destacam-se o de Membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Prêmio Internacional de Ecologia em 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente. Era Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP – e foi Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC. Desde 1988, integrava o Instituto de Estudos Avançados – IEA – da Universidade de São Paulo, onde recebeu o título de professor honorário.
É autor de diversos livros, entre eles, “Amazônia: do discurso à práxis”, no qual alia uma visão global das políticas que nortearam a exploração da região, responsáveis por uma catástrofe dos pontos de vista econômico, ecológico e humano, e “São Paulo: Ensaios, Entreveros”, que reúne os principais escritos do geógrafo sobre São Paulo, no período que vai de 1956 até o início do século 21.
Tivemos o imenso prazer de conhecê-lo, em 2008, quando o trouxemos, juntamente com o Centro Acadêmico da UNISO e UNESP, para uma palestra na Semana do Meio Ambiente.
De fala mansa, mas incisiva, Aziz era um sábio. De visão extremamente abrangente, via o mundo de uma forma inspiradora, lúcida e a frente do seu tempo. Nesta época nefasta, onde interesses pessoais sobrepujam os da maioria, em plena discussão sobre as alterações propostas por neófitos aoCódigo Florestal Brasileiro, Aziz propunha que o atual código transformar-se-á num “Código da Biodiversidade”, fazendo jus assim a imensa biodiversidade encontrada nas superfícies brasileiras.
Numa esclarecedora carta sobre o assunto, Aziz dizia que “(…) qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem que ser conduzido por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis. Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro, favorecendo de modo simplório e ignorante os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais.(…)”
Dizia também que os profissionais de hoje se isolam em seu próprio conhecimento. Não há interatividade entre as profissões. Aziz defendia que as disciplinas deveriam interagir entre si. Nenhum profissional é obrigado a saber tudo. Sozinho, qualquer sonho nada mais é do que um castelo de areia. Mas, com o auxílio de especialistas de outras áreas do conhecimento, os trabalhos dignificam-se.
Era uma das maiores celebridades nos meios científicos e acadêmicos. Por onde passava, alunos e professores se aproximavam para conversar e tirar fotografias.
Aziz morreu mas suas ideias e ideais permanecem eternos. Deixa como maior ensinamento a humanidade um legado a ser seguido. Obrigado por tudo, Aziz!