Estamos na reta final de mais uma eleição. Nesses meses que há para a divulgação dos candidatos, fomos bombardeados por santinhos entregues em nossa caixa de correio, nas ruas, curvas, faculdades, sinais, bandeiras tremulam insistentemente em tudo quanto é canto e os jingles nos fazem assoviá-los sem que possamos perceber. Mas se antes as opções de voto se restringiam apenas a coronéis e empresários, agora tem pra todos os gostos: humoristas, dançarinas, apresentadores, modelos, “músicos” (assim mesmo, entre aspas), atletas e até ex-prostitutas concorrem a cargos públicos. Pessoas dos mais diversos setores da sociedade.
Isso é bom, ou deveria ser. O ideal seria que os partidos filtrassem quem vão lançar para a disputa, levando-se em conta apenas quem estivesse empenhado e com boas propostas para fazer o trabalho. Na prática, porém, nem sempre isso acontece. Os partidos acabam aceitando candidatos que tenham visibilidade e sejam conhecidos da população, mesmo que não digam ao eleitor o que pensam nem quais são suas propostas – se é que há alguma.
Em pesquisa divulgada recentemente vimos um candidato a deputado federal, assumidamente despreparado para o cargo, ter uma porcentagem histórica de votos (podendo ser o segundo mais bem votado da história, ficando atrás somente do Enéas). Como não há propostas, difícil imaginar que esses números alarmantes – digo, exorbitantes, de votos venham de pessoas que estão usando essa ferramenta com consciência.
Acredita-se que a grande maioria deles sejam os chamados “votos de protestos”, pessoas que não se interessam pela política e por isso votam “em qualquer um”. Aqui cabe a informação que precisa ser dita: Há dentro de cada partido um repasse de votos e há estratégia de partidos mal-intencionados que, ao colocarem candidatos desqualificados – para dar a idéia de “voto de protesto” – possibilitam que velhos políticos corruptos sejam novamente eleitos justamente por esse montante de votos.
Isso ocorre porque o número de cadeiras conquistadas no Parlamento depende da soma total de votos obtidos pelos partidos e coligações. Assim, quando um candidato recebe uma grande quantidade de votos, ajuda a eleger companheiros de chapa que não foram tão bem nas urnas, ampliando a representação de seu partido no congresso.
O fato de ser uma celebridade não é necessariamente ruim. O complicado é quando o eleitor vota em uma pessoa sem nem mesmo ter idéia de como ela pensa ou sequer sabe como funciona o cargo ao qual pleiteia.
“- E o que isso tudo tem a ver com a natureza e o meio ambiente?” Você pode estar se perguntando. Bem, se não nos respeitamos ao ponto de eleger pessoas preocupadas com a saúde e bem estar da população, que dirá ter consciência para respeitar e proteger o meio em que vive?
O Brasil vive um momento de protagonista na ordem mundial. Com seus muitos recursos naturais e sua economia estabilizada, já não é visto somente como a terra dos macacos e do futebol – embora, ainda bem, ainda temos muito disso!
Fique atento as propostas dos candidatos. Anote-os para poder cobrar depois. Lembre-se da máxima que diz: “quem não gosta de política será governado porquem gosta”. Não precisa gostar, mas se informe e participe de forma contundente. Pense com muito cuidado em como vai usar um dos pilares básicos do processo democrático para não ser você no final, caro amigo, o palhaço.
JP Rodrigues é Gestor e Educador Ambiental em Sorocaba/SP