Estamos em 2011, ano que antecede o tão falado 2012, que é cercado de mistério, misticismo e incertezas. Alguns dizem que 2012 é o ano do fim do mundo, outros de que o mundo vai acabar sim, mas ressurgirá melhor, outros ainda sugerem não passar de mera superstição.
Independe do que for a verdade – e espero estar vivo até lá pra descobrir – é inegável que o mundo está passando por profundas mudanças.
A degradação predatória dos recursos naturais do planeta, evidentemente, tem papel importante nesta história. Mas não é só isso que demonstra que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, como já diria Hamlet.
No continente africano, os povos foram as ruas e derrubaram ditadores na Tunísia e no Egito. Quem ainda está na corda bamba é o presidente da Líbia, Muamar Kadafi, o que faz com que o país enfrente uma violenta guerra civil.
Em seguida foi a vez do todo poderoso Estados Unidos, maior potência econômica do mundo, acostumados a salvar o planeta em guerras contra ets, por muito pouco não ruir. A crise americana é uma das maiores já enfrentadas pelo país e abalos na economia ainda são sentidos em todo o mundo.
Agora é a vez de Londres ferver. Durante cinco dias uma onda de anarquia se alastrou por várias cidades inglesas, aparentemente sem objetivo específico, espalhando medo e destruição.
O que podemos perceber em comum nas situações descritas?
Nos países do norte da África, as ditaduras derrubadas duraram quase meio século.
Os Estados Unidos é considerado o país mais poderoso do planeta. Passa por cima de tudo e todos para alcançar seus objetivos – nem a ONU impediu a invasão ao Iraque. Investe bilhões em armamento bélico e tem a sua cultura e padrão de vida insustentáveis invejados por diversos países ao redor do globo. Uma nação “inabalável”.
Londres é uma cidade pacata, objetivo de vários imigrantes por ser um lugar de muitas oportunidades. Um dos poucos países onde ainda há a monarquia, a Inglaterra tem o seu charme por serem pontuais, “Sirs e educados. Aí vem esse alvoroço todo e mostra que as coisas não são bem assim.
Vale mencionar também a greve de fome do indiano Anna Hazare, que vem mobilizando milhares de pessoas na Índia em protesto contra a crescente corrupção no país e também as manifestações dos estudantes no Chile, que estão a 40 dias apenas ingerindo líquidos em protesto contra o descaso do governo chileno pela educação.
Em todas essas situações, as redes sociais na internet foram decisivas para organizar as ações e mobilizar esse grande número de pessoas.
Situações até então inimagináveis, em países distintos, que de repente revelam ao mundo problemas varridos para debaixo do tapete. O mundo dá sinais de que as coisas estão mudando, seja através da tecnologia, que faz com que pessoas comuns se organizem e se façam ouvidas, ou sólidas economias que dão sinais de desgastes.
“Quem detém a informação detém o poder” disse o pensador chinês Sun Tzu – não por acaso autor do livro “A Arte da Guerra”. E agora que ela está disponível a todos, a questão é: O que fazer com ela? Dia desses um amigo me perguntou se eu acredito que a humanidade tem solução. Eu respondi que sim, mas somente através da nossa mudança em relação ao que nos cerca. A mobilização popular é a raiz fundamental para alcançarmos este objetivo. Que tal unimo-nos, então, em prol do bem e da justiça?
JP Rodrigues é Gestor e Educador Ambiental em Sorocaba/SP
*Ilustração do artigo por LVHEROS